quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Dicas básicas de Iluminação para Retratos por Luciana Gama (Shlomit Or)

Dicas básicas de Iluminação para Retratos
  por  Luciana Gama (Shlomit Or)

Como acontece com todos os outros gêneros da fotografia é imprescindível entender a finalidade do retrato para pensar a  iluminação adequada para ele.
Um bom retrato são interpretações da individualidade e caráter do individuo retratado e a iluminação é parte fundamental dessa leitura. A tarefa de escolher quais os traços faciais devem ser acentuados ou quais serão suavizados num rosto é responsabilidade do fotógrafo bem como também demonstra o seu olhar, a sua capacidade narrativa e argumentativa e sua sensibilidade ao mundo que o rodeia. Geralmente, rugas de idade, linhas de sorriso ou covinhas, são traços que podem sugerir ou denunciar a personalidade de alguém. Não existe um padrão ideal simplesmente porque toda pessoa é única no mundo e retratar a personalidade de alguém significa tornar visível num retrato a beleza que ali há de qualidades abstratas como a inteligência, a simpatia, a maturidade ou a juventude. Portanto, você deve pensar qual iluminação ficará melhor para compor um retrato depois de avaliar a personalidade daquela pessoa a ser retratada, o contexto na cena em que se encontra, isto é, qual o objetivo da fotografia. Para que finalidade, para qual objetivo, você, fotógrafo e o fotografado estão ali?
Levar em conta manchas e espinhas na pele para a médica dermatologista que contratou seus serviços para mostrar imagens de manchas na pele e espinhas em um congresso não significa que uma pessoa como modelo retratado a sua frente não tenha também um sorriso revelador ou um olhar vivo e interessante. Por outro lado, aquela modelo linda, que quer retratos para book, pode surtar em big close com aquelas pequenas espinhas que todo mundo tem e só as fotografias realçam. Convém, portanto, independente da finalidade do retrato, descobrir as qualidades ou defeitos inerentes ao fotografado para pensar, então, qual a iluminação adequada para aquela fotografia. Algumas dicas são básicas:
 Observe se o retratado é um tipo de personalidade mais tímida, quieta, sossegada e calma ou se é expansiva, inquieta e desassossegada. Estas características são essenciais para que você possa posicionar a sua câmera e fotografá-la com os olhos mais baixos, quietos e um sorriso tímido e obliquo ou arremessando o olhar para a câmera, sensuais e fortes, encarando a lente com vontade férrea. Com essas qualidades em mãos juntamente com a finalidade do retrato você vai escolher o tipo de iluminação que vai usar. Em iluminação, dentro do corpo puro da técnica, não existe o “certo” ou “um correto” absoluto, um molde ou modelo de como colocar as luzes. Os estilos vão e vem, como a moda, e a iluminação em um retrato pode ser também a sua assinatura como fotógrafo. Via de regra, personalidades fortes, marcantes, devem ser fotografadas com altos contrastes entre luz e sombra (claroescuro) e personalidades calmas, suaves, com a luz principal suave e  dirigida mas rebatida contra um refletor branco ou tela translúcida entre a luz principal e o modelo.
Embora você tenha que adquirir sua própria composição de luzes, o estilo mais usado na iluminação de retratos é a elevada e difusa que se assemelha a luz natural. O sistema mais simples de iluminação em um retrato consiste no uso de apenas uma luz continua que seja colocada a frente do modelo. No entanto, essa posição produzirá um clarão nada estético que  mostrará muito pouco da forma, textura ou  personalidade de um rosto. Para se obter um efeito mais revelador, deve-se suavizar a luz, posicionando-a em ângulo de mais ou menos 40 a 45 graus. Se, feito isso, colocarmos um difusor na frente dessa luz fortemente dirigida, o efeito vai revelar mais sobre a forma e textura do rosto mas ao mesmo tempo essa posição ocasiona sombras densas, muito contraste e o retrato pode ficar desequilibrado, dependendo do contexto da personalidade que você quer mostrar no retrato.Sempre se deve atentar e tomar cuidado com o nariz e olhos: o primeiro pode fazer sombras sobre a face e os olhos devem sempre estar iluminados e não devem ser obscurecidos pelo nariz ou sobrancelhas. O objetivo de quase toda fotografia de retrato é a claridade e isso requer o controle das sombras. Ao contrário do que o senso comum imagina, a luz natural, ou mesmo a fotografia ao ar livre, luz que chega de uma única direção, é mais complicada do que a produzida dentro de um estúdio porque a fotografia de retrato feita com a luz natural requer que nos adaptemos as condições de iluminação existentes e os limites sobre o que se pode conseguir são os que já existem enquanto no estúdio podemos decidir o que se deve fazer, temos completa autonomia, podemos tomar muitas decisões. A iluminação sempre permite novas técnicas. É o contorno, o desenho do retrato e há inúmeros estilos de iluminação possível. Eu, particularmente, uso a técnica do “claroescuro”, do alto contraste, técnica pictórica do Renascimento, e saio para a rua para fazer “book street” apenas com a câmera, o modelo e o flash portátil para preenchimento da luz natural quando quero reduzir o contraste.

Um comentário:

  1. Oi Luciana. Belissimo post, cheio de dicas para quem se inicia no mundo da fotografia e até mesmo pra quem precisa sempre de algo mais.

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